Quase oito milhões de pessoas vivem fora do país. Cada um com uma história e muitos com o anseio de um dia voltar para casa
A indefinição política da Venezuela após as eleições de 28 de julho, apontam um cenário pouco esperançoso para os quase oito milhões de venezuelanos fora do seu país. Para os venezuelanos, esse é mais um capítulo da triste história de vida de cada um.
A maioria desses estrangeiros saíram do país de forma irregular. A crise econômica, a falta de condições, a perseguição pela oposição ao regime, as ameaças e o temor pelo bem da família, os fizeram abandonar a terra e ir em busca de um lugar melhor para viver. Essa também é um pouco da história de Robinson Urbina, que mora em Ipumirim.
“Quando a gente sai da Venezuela é um renascimento. A gente precisa começar tudo de novo. Deixamos para trás nossa identidade, nosso trabalho, nossos bens, nossos familiares e amigos. É um misto de sentimentos porque conquistamos a possibilidade de começar de novo em um país sem perseguição, legalizado e que oferece a chance de trabalhar e fazer a vida. Por outro lado, a dor dos que deixamos para trás e tudo aquilo que conquistamos ao longo da vida foi perdido”, conta.
Robinson saiu da Venezuela há mais de seis anos junto com a esposa, a filha e a neta. Tem formação acadêmica em Recursos Humanos e estudou até o quarto período de Direito. Ele trabalhava em uma rádio opositora ao regime de Maduro e foi ameaçado. Fugiu com a família, mas não pode ficar de imediato no Brasil. Por ser uma figura conhecida e pelo governo possuir acordo com os países vizinhos, ele poderia ser preso e extraditado. Atravessou o Brasil e foi para o Uruguai, depois para o Peru e há quase dois anos está no Brasil.
Em Ipumirim, fixou residência e trabalha na JBS. “A gente precisou vender o que tinha para conseguir sair. Começar de novo não é fácil. Porém, podemos contar com a ajuda da comunidade. Em Ipumirim encontramos pessoas que nos acolheram. Nós tínhamos casa, carro, trabalho, comércio e precisamos abandonar ou vender para poder fugir do país. Mas nós trazemos a esperança de poder recomeçar e no Brasil nós encontramos essa oportunidade. A mudança de governo na Venezuela é um sonho que espero ver acontecer, para que muitos venezuelanos tenham a chance de um dia voltar pra casa”, explica.
Por: Juliane Rell
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