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Tecnologia que dá voz aos olhos

Músico há 44 anos, Nico Hermes usa óculos inteligente para leitura e reconhecimento facial

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Músico há 44 anos, Nico Hermes tem uma relação única com a tecnologia. Portador parcial de deficiência visual desde o nascimento, Nico encontrou nos óculos inteligentes da OrCam MyEye uma nova maneira de interagir com o mundo. A inovação adquirida há dois anos, permitiu que ele voltasse a ler textos de forma autônoma – incluindo as matérias de O Jornal, no qual é leitor assíduo de longa data.

Nascido com complicações visuais causadas pela toxoplasmose congênita, Nico sempre enfrentou desafios relacionados à leitura e ao reconhecimento de pessoas em seu cotidiano. “Minha mãe teve toxoplasmose na gravidez. Desde que nasci, precisei me adaptar ao mundo de outras formas”, conta ele. Em 2012, Nico teve descolamento de retina em um dos olhos, situação que comprometeu ainda mais sua visão. Mas foi em 2023 que sua visão sofreu um golpe definitivo: Nico foi diagnosticado novamente com descolanento de retina, desta vez no outro olho. “Foi um baque. Tive que reaprender a lidar com meu dia a dia mais uma vez”, conta o músico.

Foi nesse momento que ele conheceu a tecnologia israelense da OrCam, um dispositivo acoplado a armações de óculos que lê textos em voz alta, reconhece rostos, lê código de barras, produtos e até notas de dinheiro. Compacto e discreto, o aparelho usa inteligência artificial para descrever o que está à frente do usuário. “Hoje consigo ler matérias de O Jornal sem depender de ninguém. Isso me devolveu uma autonomia que eu já não esperava mais ter”, relata Nico.

A relação com a leitura vai além da informação. Como saxofonista de duas bandas, Nico também usa os óculos inteligentes para revisar letras e anotações. “Eles me ajudam a manter minha independência como artista. Ler, reconhecer pessoas ou até identificar objetos já não são mais barreiras intransponíveis.”

A OrCam tem ganhado cada vez mais espaço entre pessoas com deficiência visual no Brasil, e casos como o de Nico mostram o potencial transformador dessa tecnologia. “A leitura é uma forma de liberdade. Poder voltar a ler o jornal, saber o que está acontecendo no mundo por conta própria é mais do que praticidade, é dignidade”, conta.

Mesmo com as limitações visuais, Nico segue como um exemplo de reinvenção e persistência. Entre ensaios, palcos e páginas de jornal, ele mostra que a autonomia não é apenas uma questão de tecnologia, mas de atitude diante da vida. Com os olhos do coração e a ajuda da inovação, Nico continua enxergando o mundo com esperança, música e propósito — e inspirando todos ao seu redor a fazer o mesmo.

Por: Rosilene Fochesatto/OJ

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